segunda-feira, 6 de outubro de 2008

cartas ao senhor do mundo

Li uma notícia que, resumindo sumariamente, dizia o seguinte:

Por cada uma das 500 maiores fortunas do Mundo, há mais de um milhão de pessoas que morre de fome diariamente.

E resolvi escrever o seguinte texto:

Carta com destino certo

A vós senhores do poder que tudo pode ser e não ser,

Dirijo esta missiva insignificante escrita ao entardecer.

Ainda quando o cansaço não me vence e obriga,

A recolher ao fraco e triste leito que me abriga.

Após ceia que janta não foi e almoço já esqueceu,

Após dura labuta que um pouco mais de peso me comeu,

Reunindo as escassas e fracas forças que me restam,

Junto a minha escrita aos milhões de vozes que protestam

Apenas para vos fazer uma pergunta em quanto estou perto,

E vos explicar o que, apesar de tudo, nos move ao certo,

E nos força a aceitar grilhetas de eternos escravos,

Sujeitos às piores humilhações, castigos e agravos.

Suspeito que vos será difícil de avaliar, a fome e a dor,

Creio que jamais sabereis compreender, o frio pior,

Que se sente na alma perante um filho sem comer,

É ferida que nunca mais poderemos ver desaparecer.

É no entanto por eles, sementes de fatal destino,

Que aceitamos canga e os vis detritos vossos,

Esperando que um dia haja novo tino

E no vosso lugar estejam os filhos nossos.

Até lá, que um dia será, pois não há mal que sempre dure

Respondei senhores até quando esperais que isto dure,

Até quando pensais que sois eternamente intocáveis,

E nós, vossos escravos pouco mais que miseráveis.

Cuidado, senhores com a resposta que dais,

Que o futuro pode ser já amanhã,

E transformar o que dizeis em ais,

Tornando a vossa resposta uma palavra vã.


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